Segunda-feira 02 de Outubro de 2023
As algas microscópicas, fitoplâncton, são importantes por participarem do primeiro nível trófico da cadeia alimentar nos ecossistemas aquáticos. No meio aquático, todas as espécies de microalgas são utilizadas como alimento pelos diversos organismos aquáticos, sendo a seleção baseada unicamente no tamanho da célula a ser ingerida. Em condições controladas de laboratório, aquicultura, torna-se necessária a produção de uma quantidade considerável de alimento para as larvas dos animais aquáticos cultivados. Neste aspecto, observa-se que nem todas as espécies de microalgas apresentam crescimento em condições controladas de cultivo. Atualmente para o cultivo de moluscos bivalves (ostras, vieiras e mexilhões), crustáceos (camarões e caranguejos), peixes e de rotíferos, as microalgas mais utilizadas são: Chaetoceros sp., Isochrysis sp., Pavlova sp., Nannochloropsis sp.e Tetraselmis sp. Dentre as microalgas citadas, uma das mais importantes, principalmente para os rotíferos, é a Nannochloropsis oculata, devido ao seu elevado teor em vitamina B12 e de EPA (Ácido Eicosapentaenóico).
Nos laboratórios de algologia da Estação Experimental de Aquicultura Almirante Paulo Moreira, da Fiperj, localizada em Guaratiba, no município do Rio de Janeiro, são mantidas coleções vivas das seguintes microalgas marinhas: Chaetoceros sp., C. gracilis, Pavlova sp., Chlorella sp., Tetraselmis chuii, T. tetratele, Tetraselmis sp., Nannochloropsis oculata, e Croococcus sp. (Cianobactéria). Dentre as microalgas citadas, aproximadamente três foram obtidas através do isolamento das células encontradas em amostras de água coletadas, no canal de adução da EEAAPM.
O conhecimento das técnicas de isolamento é importante para a manutenção das cepas de microalgas. Dentre as técnicas utilizadas para o isolamento das microalgas, no laboratório da EEAAPM, são: o isolamento direto com o auxílio de capilares, micropipetas e o da diluição sucessiva.
O isolamento "célula por célula", com o auxílio de capilares, de micropipetas e lamina (com três cavidades), é o procedimento mais trabalhoso, necessitando de um ambiente estéril, um bom microscópio e muita habilidade manual para a sua realização. Quanto ao método da diluição sucessiva, torna-se necessária uma bateria de tubos de ensaio, contendo meio de cultura estéril, onde são realizadas inoculações sucessivas da amostra coletada no meio ambiente. Este método, na EEAAPM, é empregado na finalização do isolamento direto com o emprego das micropipetas.
O tempo necessário para obter uma cultura unialgal isolada é de, no mínimo, nove meses, dependendo da amostra coletada e da quantidade de células de microalgas presente.
Para a alimentação das larvas de organismos marinhos e de rotíferos, são utilizados os sistemas de culturas semicontínua (garrafões de 10L) sob condições controladas de luz e de temperatura, e, o de cultura em massa, no qual são empregados tanques de produção, geralmente instalados no pátio da Estação, com no mínimo 100L de capacidade volumétrica. Em ambos, os sistemas de produção a adição de meio de cultura é realizada periodicamente, obedecendo a curva de crescimento padrão para esses organismos.
No meio ambiente, as microalgas retiram da água os nutrientes que necessitam para a sua nutrição e reprodução. Em cultivos artificiais, há necessidade de adicionar nutrientes, na água do mar esterilizada, para o preparo dos meios de cultura. Na EEAAPM, são bastante utilizados os meios de Guillard f /1; f/2 e de Conway, para culturas em pequenos volumes.
Em relação às culturas em massa, cultura em tanques de grande volume, torna-se necessário o emprego de adubos químicos comerciais, como o sulfato de amônia, superfosfato de cálcio e a ureia, para o preparo dos meios de cultura. As adições de meio de cultura, bem como a retirada da cultura para os incubadores de larvas, são realizados de acordo com a curva de crescimento das células algáceas.
O crescimento das microalgas em garrafões de 10L e em tanques de cultivo é observada com o auxílio de hemacitômetro Neubauer ou com a câmara de Thoma.
O segundo nível da cadeia alimentar é constituído por pequenos animais que vivem na superfície da água (zooplâncton), os quais basicamente se alimentam do fitoplâncton. Dentre esses, os rotíferos vem sendo cultivados na EEAAPM, e normalmente são utilizados na alimentação das larvas de peixes marinhos, mas nesse caso, são para a alimentação das larvas de crustáceos marinhos.
No meio ambiente, tanto na água doce como na água marinha, são conhecidas muitas espécies de rotíferos. Contudo, o rotífero Brachionus sp, apresenta resposta de crescimento em condições artificiais de cultivo, na EEAAPM. Mas a espécie que é cultivada é o B.rotundiformis, também conhecido como B.plicatilis tipo S. Os rotíferos recebem como alimento as algas Nannochloropsis sp. e Tetraselmis sp.
Cultura em pequena escala (estoque) em recipientes de 10L, e Culturas em Massa na qual são utilizados tanques com 100L ou mais de capacidade volumétrica instalados no pátio da EEAAPM.
Cultivo comparativo de rotíferos, alimentados com culturas de algas nativas.
Este é o portal da Fiperj, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento - SEAPPA. A Instituição tem a missão de promover, através de políticas públicas, o desenvolvimento sustentável da aquicultura e da pesca fluminenses.